É um admirável mundo novo aquele em que mergulhamos todos os dias, enquanto agência de estratégia de marca e criatividade. Em constante assombro e descoberta, avançamos lado a lado com as marcas que confiam na qualidade da nossa entrega, com o dever de as levar sempre mais além. Há algum tempo que isto também significa utilizar e dominar várias ferramentas de Inteligência Artificial.
Nas áreas da arte e música, do marketing ao SEO e ao copywriting, são várias centenas de recursos sempre prontos a responder a qualquer solicitação com a mesma rapidez com que fazemos refresh ao e-mail. Falamos de um número crescente de ferramentas que fazem o que prometem e o seu contrário – como as que ajudam a detetar a utilização destas próprias ferramentas. Cientes da vantagem de estar sempre a par do que poderá beneficiar as nossas equipas, libertando tempo para tarefas mais relevantes, o interesse contínuo reflete a nossa curiosidade e investimento em múltiplas frentes.
Chegamos, finalmente, à questão crucial: no corre-corre da vida de agência, onde fica a verdade – das marcas, dos consumidores e da relação agência-cliente? Onde ficam as emoções e as unique selling propositions das empresas? Onde fica a autenticidade que nos toca e que nos une?
Vivemos um momento em que a visibilidade da marca é uma das suas grandes mais-valias e, ao mesmo tempo, o seu calcanhar de Aquiles. Em contraste com o pedido de desculpa telegráfico que o ChatGPT oferece sempre que é confrontado com um erro, falhar na comunicação de uma marca é altamente lesivo para a sua reputação. É aqui que reside a necessidade de equilíbrio, uma missão desafiante, entusiasmante – e responsabilizadora.
Sabemos que a IA não critica uma primeira tentativa de assinatura ou um esboço, não deita por terra os nossos mais ferozes gut feelings ou se recusa a devolver-nos uma resposta a um pedido, do mais complexo ao mais risível. Mais que ferramentas, são bravas ajudantes que se sentam ao nosso lado em dupla permanente (assim o desejemos) e que nos impulsionam a chegar à tão desejada verdade – aquela que só nós conseguiremos reconhecer, defender e comprovar. Em fase alguma deste processo melhorado se perde a consciência de que em jogo está, como sempre esteve, a credibilidade das marcas, que depositam a sua confiança nas nossas mãos, e a continuidade das nossas relações.
Enquanto as mãos que escrevem os prompts forem as nossas, enquanto a criatividade que faz nascer algo novo partir das nossas próprias ideias embrionárias e enquanto o que nos impulsionar forem os valores pessoais, organizacionais e aqueles que partilhamos com as marcas com que trabalhamos, acredito que a verdade das mensagens está a salvo. Para onde nos levará este admirável mundo novo? Nada melhor do que responder parafraseando Sebastião da Gama: Partimos. Vamos. Somos.
Artigo escrito por Marta Vasconcelos, Head of Business Development na White Way, e publicado originalmente na LIDER.