Design Emocional é o conceito de criar produtos que geram emoções, que resultam em experiências positivas e impactantes para o utilizador. Segundo Donald Norman, autor do livro “Emotional Design”, “não basta construirmos produtos que funcionem, que sejam compreensíveis e utilizáveis. Também precisamos de construir produtos que tragam alegria e excitação, prazer e diversão e, sim, beleza à vida das pessoas.”
O foco nesta camada emocional é aquilo que se chama criar produtos que tragam “delight”, satisfação às pessoas e que as cative, conseguido através do equilíbrio entre os três pilares de design emocional: o visceral, o comportamental e o reflectivo.
Quando falamos em design visceral, consideramos as reações instintivas do utilizador ou as primeiras impressões de um produto. Por exemplo, quando estamos na rua e sentimos o cheiro de pão acabado de fazer numa padaria. Ainda não interagimos com o “produto”, mas já temos um sentimento e uma pré-consciência.
Já o design comportamental está relacionado à usabilidade do produto, à perceção do utilizador sobre a funcionalidade e usabilidade. Aqui, a função, a sensação física e o desempenho de um produto são os mais importantes – como quando usamos uma faca para cortar pão e a faca se comporta da forma esperada, conseguindo num único golpe cortar uma fatia perfeita.
Relativamente ao design reflectivo, depois de interagirem com os produtos, o utilizador julga de forma consciente o seu desempenho e benefícios. Se estiver feliz e tiver uma experiência emocionalmente positiva, estará mais propenso a usá-lo, formar laços emocionais e até partilhar e recomendar aos amigos. O produto passa a ter um significado na vida das pessoas e na forma como pensam. Quantos de nós não sentimos satisfação e alegria quando comemos uma refeição favorita, e pensamos no quanto nos sentimos bem a degustá-la?
Existem várias ferramentas que permitem trazer ao design esta camada emocional aos utilizadores, para que o produto tenha um significado e impacto na vida das pessoas. Os recursos visuais são chave para transmitir emoção e muito eficazes na demonstração de empatia. Também o microcopy, o storytelling, a personalização e customização ou a gamificação são instrumentos relevantes que tornam os interfaces “vivos”, que incentivam a interação e que trazem impacto emocional ao produto.
O design emocional é um conceito poderoso que pode ser usado para criar produtos que são não apenas funcionais, mas também que proporcionem experiências mais significativas, cativem os utilizadores e que estabeleçam conexões duradouras, memoráveis e significativas que vão além da funcionalidade básica do produto. É necessário concentrarmo-nos tanto em criar uma boa usabilidade (racional) quanto em tornar a interação prazerosa e agradável (emocional). As pessoas são tanto racionais como emocionais, e por isso mesmo, é fundamental que exista um equilíbrio entre os três pilares do design emocional, sem negligenciar nenhum deles.
Artigo de opinião de Hugo Carrapatoso Silva, DesignOps | Product Design Specialist da Bliss Applications, publicado originalmente na Meios & Publicidade.