Como o Cérebro Responde a Estímulos de Marca

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O cérebro humano está constantemente a processar uma infinidade de estímulos, e as marcas devem saber como tirar partido dessa realidade. Seja através de imagens, sons, aromas ou histórias, as marcas criam experiências que não só capturam a nossa atenção, mas também geram emoções, influenciando as nossas decisões. Mas como funciona todo este processo? O exemplo de um novo café que abriu recentemente na minha cidade ilustra de forma clara como os estímulos de marca moldam a nossa ligação a produtos e serviços.

Recentemente, abriu mais um café na cidade, à beira-mar, como tantos outros que ocupam a Foz do Douro. Embora novos cafés surjam regularmente, este conseguiu algo diferente. O burburinho começou antes da inauguração, com a partilha constante nas redes sociais e a expectativa foi crescendo. Mas o que fez com que este café se destacasse e atraísse tantas pessoas? A resposta está nas várias formas como os estímulos de marca foram utilizados para criar uma ligação emocional e uma experiência memorável.

Este novo espaço  pertence a três pessoas bem conhecidas na comunidade pela sua simpatia e disponibilidade em ajudar os outros. Desde o início, a reputação que construíram gerou uma predisposição positiva em relação ao café. Antes mesmo de o visitarmos, já havia uma ligação emocional com a marca e uma sensação de que seria um ambiente acolhedor. As campanhas de marketing nas redes sociais reforçaram essa conexão, trabalhando de forma subtil a nossa memorização da marca. Assim, o café, mesmo antes de abrir, já estava gravado na mente de todos, associado a algo familiar e agradável.

Ao entrarmos no espaço pela primeira vez, somos imediatamente envolvidos por uma série de estímulos sensoriais. O aroma do café, o design simples e moderno, a música ambiente e a própria vista-mar criam um ambiente que nos faz sentir recompensados por ali estar. Estes detalhes que geram uma sensação de prazer que vai além do café em si. Trata-se de uma ativação da dopamina, o neurotransmissor ligado ao prazer e à recompensa, que é desencadeado sempre que vivemos uma experiência positiva.

A forte presença nas redes sociais também desempenhou um papel crucial na forma como o público respondeu a este café. Ao ver amigos e conhecidos a frequentar o local, este tornou-se um símbolo de aprovação social. A necessidade de fazer parte deste grupo e de partilhar a experiência foi exacerbada pelas fotografias e vídeos de lattes artisticamente decorados e de momentos passados no café. A marca estava, de forma subtil, integrada na nossa rotina antes mesmo de visitarmos o espaço. Isso mostra como as redes sociais não só amplificam a visibilidade, mas também reforçam o desejo de pertencer a algo.

Um detalhe importante na experiência deste café foi a presença dos próprios sócios nos primeiros dias após a abertura. Num mundo onde muitas vezes os fundadores se distanciam rapidamente do negócio, aqui eles estavam presentes, criando uma conexão autêntica com os clientes. Perguntar diretamente o que achavam do espaço e ouvir o feedback gerou uma sensação de valorização e pertença, sendo isso crucial para construir uma relação emocional duradoura entre a marca e o consumidor.

O branding sensorial foi também uma parte essencial desta estratégia. Os copos de take-away e as embalagens são cuidadosamente desenhados, de forma a que o cliente queira ser visto com eles. Detalhes subtis, como frases inspiradoras nas embalagens, prolongam a experiência do café para além do momento de consumo. Este tipo de branding cria uma ligação emocional que se estende para além das quatro paredes do estabelecimento, associando o produto a momentos e emoções positivas.

Este café exemplifica como uma marca pode usar estratégias de marketing sensorial, emocional e de storytelling para se destacar. A experiência que oferece vai além do produto: envolve o consumidor de forma emocional e sensorial, criando memórias duradouras e uma conexão profunda. Quando conseguimos associar uma marca a momentos positivos e a um sentido de pertença, esta deixa de ser apenas um negócio – torna-se parte da nossa rotina e das nossas vidas.

Embora este café esteja perto da minha casa, poderia estar à porta de qualquer pessoa. A forma como as marcas utilizam os estímulos sensoriais, emocionais e sociais não é exclusiva deste lugar; é uma estratégia que se aplica a qualquer negócio que queira criar conexões profundas com os seus clientes. E, ao fazer isso, o café deixa de ser apenas um lugar para se tomar uma bebida – transforma-se num espaço onde memórias são criadas e emoções são despertadas, independentemente de onde estejas.

Artigo escrito por Benedita Santos, Neuromarketing and Strategy na WYperformance publicado na revista Meios e Publicidade.