Fei-Fei Li é hoje uma das mais importantes referências na área de Inteligência Artificial, professora de Ciências da Computação na Universidade de Stanford e Fundadora do Instituto de IA Centrada no Ser Humano, em Stanford, uma organização que tem como objetivo a utilização de IA na pesquisa, educação, práticas e políticas para melhorar a condição humana.

Mas o mais importante do seu trabalho é a sua visão e pragmatismo quando nos diz que: “Não há nada de artificial na IA. Ela é inspirada por pessoas, criada por pessoas e impacta pessoas”.

Um estudo recente revelou que apenas 10% a 14% das empresas implementam consistentemente IA generativa em iniciativas de marketing e vendas. Por é que, em áreas onde aparentemente têm tanto a ganhar com a IA generativa, a adoção é tão limitada? E como é que nós profissionais desta área podemos superar esta lacuna e aproveitar ao máximo o seu potencial? Parece que muitos de nós lutam para saber por onde começar.

Existem quatro áreas chave (4C’s) onde a IA generativa mais pode fazer e transformar:

Customização

Os consumidores querem experiências que se conectem com as suas preferências individuais. A IA generativa possibilita esta entrega numa escala sem precedentes.
Pode contribuir para melhorar as interações com o cliente, ajudando equipas de serviço ao cliente a desenvolverem conversas mais personalizadas. Os chatbots de conversação impulsionados por IA têm vindo a aumentar a capacidade de gerarem soluções personalizadas para problemas dos nossos clientes e uma fronteira promissora é a criação de personas de chatbot adaptadas a segmentos específicos de clientes.

Criatividade

A 2ª grande auto-estrada na utilização de IA generativa no marketing é a criatividade.
Embora gere discussão sobre se as máquinas podem ser criativas, é evidente que a IA pode produzir resultados considerados criativos. O verdadeiro valor da GenAI na criatividade está na capacidade para ampliar a capacidade criativa humana. O poder re-inventar completamente os limites da criatividade graças à IA generativa, como se fez na campanha publicitária “Masterpiece” da Coca-Cola, onde pinturas de figuras históricas famosas e artistas emergentes foram trazidas à vida com IA generativa, passou a ser possível.

Conectividade

A IA generativa oferece às marcas novas formas de se conectarem com os consumidores, facilita as interações e capacitam os consumidores para desempenharem um papel mais ativo nas narrativas das marcas. Um potencial real da IA generativa, mas relativamente pouco utilizado, é a democratização da participação dos consumidores nos processos de marketing, reduzindo as barreiras técnicas: qualquer consumidor pode ser um designer, um story teller ou um influenciador, abrindo novas oportunidades de co-criação com os consumidores.

(Redução do) Custo Cognitivo:

Um dos impactos mais transformadores da IA generativa é a sua capacidade para reduzir significativamente o custo da inteligência. Podemos fazer muito mais em menos tempo e com menos custo. Este impacto estende-se a diversas tarefas cognitivas, desde criar posts para blogs até pensar em novas campanhas de comunicação.

Na confusão da transformação estratégica, estamos apreensivos. Afinal, nós, humanos, somos intrinsecamente programados para desconfiar de mudanças e inovações, especialmente quando se lançam sombras sobre a segurança no trabalho. Há que perceber e saber explicar que não se trata de substituir empregos, mas de redistribuir tarefas. A IA generativa, na maioria dos casos, está pronta para aumentar, não substituir. É (e deve ser) menos sobre a tecnologia eliminado o lado humano e mais sobre realocar recursos cognitivos.

E para os profissionais de marketing, a oportunidade de redefinir não apenas o que fazem, mas como fazem, é o que torna tudo isto mais emocionante! No entanto, com grandes promessas vêm grandes responsabilidades. A chave está em abordar estas responsabilidades de maneira proativa, equilibrando cuidadosamente as oportunidades e riscos e, acima de tudo, mantendo o lado humano da transformação no centro da estratégia.

O futuro da comunicação é generativo e cabe-nos a nós moldá-lo de forma ética e impactante.

Artigo escrito por Rita Baltazar, Founding Partner do WYgroup e da WYcreative, e publicado originalmente no ECO / MaisM.