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A Era do desconforto como arma de mudança

Ana Andrade - Head of People, Talent and Culture at WYgroup
Ana Andrade

Vivemos na Era de predominância do mutável, que nos obriga a sair do conforto do estável e a procurar a inquietude do novo. A Era do desconforto como arma de mudança, nem sempre indolor, mas que nos transporta para algo maior e nos mune com as ferramentas para o futuro.

António Gedeão escrevia que o “mundo pula e avança, como bola colorida” e no panorama contemporâneo onde a mudança e evolução são uma constante, temo-lo sentido de forma absoluta e por vezes inquietante.

Se o trabalho mudou, se as ferramentas mudaram e se as metodologias mudaram, como podemos manter-nos relevantes?

Como conseguimos adaptar-nos aos requisitos de um mercado em transformação acelerada, impulsionada pelos avanços tecnológicos e pelos desafios da convivência de, pela primeira vez na história, 4 gerações com preferências muito díspares, num único espaço de trabalho? Mantendo-nos também em permanente evolução e moldando o nosso crescimento a um modelo de aprendizagem ininterrupto.

O upskilling e o reskilling surgem no cenário atual como cruciais para os profissionais do futuro, que procuram alinhar as necessidades do mercado com as suas próprias.

O upskilling permite-nos, através do aperfeiçoamento constante das nossas habilidades, não só continuar a crescer na função atual, como a nos preparar para a sua evolução no futuro.
Este ergue-se, no cada vez mais completo desaparecimento dos processos repetitivos acionados pela mão humana, pelo progresso do automatismo e pelo crescente foco da importância do desenvolvimento das Soft skills no dia a dia do trabalho.

De forma transversal, os profissionais mantêm-se ativamente em crescimento nas suas áreas de atuação, adaptando-se às novas tecnologias, moldando-se às emergentes exigências, enquanto também colmatam lacunas existentes no seu desempenho. Funcionando como um ato de valorização, o upskilling tem um triplo impacto positivo, refletindo-se tanto no individuo como na equipa em que se insere e na organização que representa.

O reskilling implica uma mudança de maior profundidade, levando-nos à aprendizagem de competências até então desconhecidas e por vezes muito distintas da nossa área de atuação. Tornando-se mandatório, para todos aqueles que pretendem responder às necessidades do mercado, também ele em constante mutação, o reskilling funciona como uma requalificação profissional, levando à transformação profunda das qualificações dos indivíduos.

Este pode ser impulsionado tanto pelas organizações, visando a mobilidade interna e a melhoria dos processos, como pelos próprios indivíduos que pela não identificação com as funções atuais, ou por estas se tornarem obsoletas, procuram tornar-se atrativos ao mercado atual.

O upskilling conjuga-se concomitantemente com o reskilling, na evolução de um mercado de trabalho em permanente inovação, que vê desaparecer anualmente várias profissões e aprimora a inteligência não humana para o desempenho de funções até então desempenhadas por indivíduos.
Muito distante da realidade vivida pelos nossos avós, onde existiam empregos para a vida toda e a disrupção era uma miragem, os profissionais do presente reinventam-se diariamente, e só desta forma será possível se manterem à tona neste oceano de transformações.

Artigo escrito por Ana Andrade, Head of People, Talent and Culture do WYgroup, e originalmente publicado pela Human Resources.